Nossa Senhora do Ó de Paripe

Publicado: 29/12/2010 em História, Religião
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Religiosidade Nascida do Subúrbio

No período de 1500, a partir da cidade de São Salvador, os engenhos e, posteriormente os santos, caracterizados por suas paróquias, marcavam a colonização da capitania. A primeira paróquia da cidade, Nossa Senhora da Vitória, foi criada em 1549 e, posteriormente, a fundação da Sé em 1552.

Já na década de 1570, com a expansão das comunidades, devido aos engenhos espalhados no Recôncavo Baiano,  surgiram mais três paróquias (além da paróquia de São Jorge de Ilhéus e Nossa Senhora da Assumpção de Camamu, erquidas na década de 1560):  Paróquia de Nossa Senhora da Purificação de Santo Amaro, São Bartolomeu de Pirajá e Nossa Senhora do Ó de Paripe.

Esta última, tornou-se singular, não só por ser a primeira paróquia da região que viria a ser, futuramente o Subúrbio Ferroviário, mas por ser a única da cidade em devoção à Nossa Senhora do Ó.

Nossa Senhora do Ó é uma devoção mariana surgida em Toledo, na Espanha, remontando à época do X Concílio, presidido pelo arcebispo Santo Eugênio, quando se estipulou que a festa da Anunciação fosse transferida para o dia 18 de Dezembro. Sucedido no cargo por seu sobrinho, Santo Ildefonso, este determinou, por sua vez, que essa festa se celebrasse no mesmo dia, mas com o título de Expectação do Parto da Beatíssima Virgem Maria. Pelo fato de, nas vésperas, se proferirem as antífonas maiores, iniciadas pela exclamação (ou suspiro) “Oh!”, o povo teria passado a denominar essa solenidade como Nossa Senhora do Ó. (in: SILVA, Pe. Martinho da. Flores de Maria).

A imagem de Nossa Senhora do Ó sempre apresenta a mão esquerda espalmada sobre o ventre avantajado, em fase final de gravidez. A mão direita pode também aparecer em simetria à outra ou levantada. Encontram-se imagens com esta mão segurando um livro aberto ou também uma fonte, ambos significando a fonte da vida. Em Portugal essas imagens costumavam ser de pedra e, no Brasil, de madeira ou argila.

Imagem de Nossa Senhora do Ó

No Brasil, além de Paripe (na Bahia), o culto iniciou-se à época desde o início da colonização, com o Capitão donatário Duarte Coelho, na Capitania de Pernambuco. Tendo fundado a vila de Olinda, nessa povoação erigiu-se uma Igreja sob a invocação de São João Batista, administrada por militares, onde era venerada uma imagem de Nossa Senhora da Expectação ou do Ó. De acordo com Frei Vicente Mariano, também se tratava de uma imagem pequena com cerca de dois palmos de altura, entalhada em madeira e estofada, de autoria e origem desconhecida. A tradição reputa esta imagem como milagrosa, tendo vertido lágrimas em 28 de Julho de 1719.

Fontes:

Segredos Internos: Engenhos e Escravos na Sociedade Colonial 1550 – 1835

Stuart B. Schwartz –

Editora Companhia das Letras, 1988 – 474 páginas
comentários
  1. Clemente Teixeira Higino disse:

    Pe. Edmilson, boa noite, é com muita saudade que fasso esse pequeno comentario, apenas para comunicar que o meu irmão Claudeonor Higino, o ultimo remanecentes da escola de santeiros de Penedo-AL que vem do século XVIII, vai confeccionar uma réplica desta imagem, que também é padroiera da cidade de Traipu – AL, para um particular, presente de casamento, esta imagem terá 30cm em cedro, toda brunida em ouro. Para mim é uma horra pertencer a essa paróquia e ser devoto de Nossa senhora do “O”.

  2. lia disse:

    Obrigada, padre, por divulgar esta linda mensagem. Eu nunca vi uma imagem tão linda de Nossa Senhora do Ó.

  3. vitoria disse:

    vc poderia posta mais sobre as religioes de Paripe?

    • Cara Vitória

      Seria um imenso prazer.
      Contudo, preciso de referências confiáveis para não postar besteira.
      Se você conhecer alguma coisa, ou alguem que conheça, pode nos dar um apoio precioso.

      Abraço

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